A ideia da homenagem é de João Ernesto da Costa Ferreira, vice de Relações Especializadas e diretor do Centro de Memória vascaíno.
Na solenidade de segunda-feira, haverá discursos do presidente Roberto Dinamite, do próprio João Ernesto, sobre a importância da Resposta Histórica para a consolidação da grandeza do Vasco e para a democratização do futebol brasileiro; do Professor Ricardo Pinto, do Centro de Memória, sobre como era futebol antes e depois da Resposta; do sociólogo Maurício Murad, da UERJ e da Universo; do Professor Francisco Carlos Teixeira da Silva, da UFRJ; e do historiador Walmer Peres, do Centro de Memória, que apresentará sugestões para que se celebre sempre o Dia da Consciência Vascaína. Haverá também números musicais e homenagens a representantes da diretoria de 1924 (bisneto do presidente José Augusto Prestes), descendentes dos atletas que seriam excluídos e a vários torcedores vascaínos de diversas idades que sempre se posicionaram contra os preconceitos sociais e raciais na sociedade brasileira, além de coquetel.
Abaixo a íntegra da carta:
Rio de Janeiro, 7 de Abril de 1924.
Ofício nr. 261
Exmo. Sr. Dr. Arnaldo Guinle
As resoluções divulgadas hoje pela imprensa, tomadas em reunião de ontem pelos altos poderes da Associação a que V.Exa tão dignamente preside, colocam o Club de Regatas Vasco da Gama numa tal situação de inferioridade, que absolutamente não pode ser justificada nem pela deficiência do nosso campo, nem pela simplicidade da nossa sede, nem pela condição modesta de grande número dos nossos associados.
Os privilégios concedidos aos cinco clubes fundadores da AMEA e a forma por que será exercido o direito de discussão e voto, e feitas as futuras classificações, obrigam-nos a lavrar o nosso protesto contra as citadas resoluções.
Quanto à condição de eliminarmos doze (12) dos nossos jogadores das nossas equipes, resolve por unanimidade a diretoria do Club de Regatas Vasco da Gama não a dever aceitar, por não se conformar com o processo por que foi feita a investigação das posições sociais desses nossos consócios, investigações levadas a um tribunal onde não tiveram nem representação nem defesa.
Estamos certos que V.Exa. será o primeiro a reconhecer que seria um ato pouco digno da nossa parte sacrificar ao desejo de filiar-se à AMEA alguns dos que lutaram para que tivéssemos entre outras vitórias a do campeonato de futebol da cidade do Rio de Janeiro de 1923.
São esses doze jogadores jovens, quase todos brasileiros, no começo de sua carreira e o ato público que os pode macular nunca será praticado com a solidariedade dos que dirigem a casa que os acolheu, nem sob o pavilhão que eles, com tanta galhardia, cobriram de glórias.
Nestes termos, sentimos ter que comunicar a V.Exa. que desistimos de fazer parte da AMEA.
Queira V.Exa. aceitar os protestos de consideração e estima de quem tem a honra de se subscrever, de V.Exa. At. Vnr. Obrigado
(a) Dr. José Augusto Prestes
Presidente
Fonte: O Globo Online