Tita, autor do gol do título estadual do Vasco em cima do Urubu em 1987, relembra passagem pela Colina
Entrevistado pelo SporTV no México, quando o León recebeu o Flamengo na rodada de abertura da Libertadores, Tita deu naquela ocasião uma declaração controvertida: disse que em León iria torcer para o time da casa. E quando o jogo fosse no Rio, torceria para o Flamengo. Ele mantém a palavra:
“Aqui vou torcer pelo Flamengo. Estarei no Maracanã quarta-feira com meus filhos”, garante. Vale lembrar que Tita foi homenageado pelo León antes da partida no estádio mexicano.
Quando o assunto é a rivalidade entre os dois clubes cariocas, a polêmica ganha contornos maiores. Tita começou a carreira nas divisões de base da Gávea. Logo que foi pinçado para os profissionais, em 1977, perdeu o pênalti decisivo da final do returno contra o Vasco, que valeu ao adversário o título estadual. Para dar força ao jovem auspicioso, Zico e companhia foram depois do jogo a um restaurante na Zona Sul do Rio e fizeram um pacto por vitória a partir do ano subsequente.
Não deu outra: em 78, o Flamengo foi campeão em cima do Vasco, com o gol de Rondinelli. Na sequência, o time rubro-negro arrebatou um rosário de conquistas, incluindo a Libertadores e o Mundial Interclubes de 1981. Para Tita, um momento especial foi a do tricampeonato estadual, em 1979, quando foi decisivo justamente contra o Vasco.
Em 1987, vestindo a camisa vascaína, atraiu para si a rejeição da torcida do clube que o revelou. Desta vez ao lado de Roberto Dinamite e Romário, assinalou o gol que valeu a conquista estadual em cima do Flamengo, e comemorou com a camisa cobrindo o rosto. Na Gávea, passou a ser visto como traidor. Em São Januário, virou herói.
“Passei 15 anos da minha vida no Flamengo. No León, foram quase 8 temporadas. Pelo Vasco, atuei, na soma das duas vezes em que lá estive, apenas um ano e oito meses. Em todos, deixei minha marca. Existem vários jogadores que defenderam Vasco e Flamengo. Mas os que viraram ídolos, que marcaram os dois lados, são poucos, e eu sou um deles”, acredita Tita. “Afinal, nesse pouco tempo de Vasco fiz o gol do título estadual e ainda ganhei o Campeonato Brasileiro de 1989″, elenca. “Também tenho um carinho grande pelo Vasco e muito respeito”, faz questão de ressaltar.
Polivalente nos tempos de jogador, quando se podia dar a ele as camisas 7, 8, 9, 10 ou 11 indistintamente, Tita também ataca de comentarista no que diz respeito às finais do Estadual, a partir deste domingo: “O Vasco vive um bom momento, eliminou um time forte, como o do Fluminense, e pode tirar proveito do fato de o Flamengo estar envolvido em três decisões. Numa delas, o pneu pode furar. O Flamengo pode ter que dar a vida no jogo contra o León, e isso pode acarretar desgaste para o segundo jogo com o Vasco”, analisa.
Tita possui 5 filhos. Os mais ligados a futebol são o primogênito, Lohran, de 29 anos; o caçula, Fabien, de 18; e a Blanche, de 26. Os dois últimos são ‘flamenguistas roxos’, conta o pai. Já Lohran virou a casaca duas vezes. “Como joguei em vários países, incluindo Itália, Alemanha e México, o Lohran não se apegou à paixão clubística. Era rubro-negro quando pequeno. Quando eu me tornei auxiliar do Alcir Portela no Vasco, em 2000, o Lohran preferiu virar vascaíno. Mas pouco tempo depois, foi a um jogo do Flamengo na arquibancada e voltou a ser rubro-negro”. Assim, neste misto de sentimentos, tão voláteis como as escolhas do filho mais velho, que Tita viverá uma semana para lá de especial.
Fonte: Blog Ponta de Lança - Sportv.com