Joel Santana já estréia contra o luverdense na terça


Para Joel Santana, após dizer sim à proposta ao Vasco, nesta sexta-feira, o trabalho já começou. Ao menos na tentativa de motivar time e torcida a sair da situação ruim. Após assinar até o fim do ao, o treinador será apresentado na próxima segunda-feira e confirmou que estreia na terça-feira, contra o Luverdense, em São Januário. Animado com a nova chance, em entrevista à Rádio Globo, ele falou em "não passar mais vergonha" e colocou a determinação acima do papo no dia a dia.
- Quero deixar uma coisa bem clara: falar diretamente com o torcedor, que é nosso amigo, companheiro e que nunca nos deixou na mão. Sem o torcedor, não sou nada, nem ninguém. Estou comprando essa situação junto ao torcedor, de defender a camisa, ir para São Januário colocar nosso caldeirão, que nem sempre colocamos. Não podemos passar esse tipo de vergonha e não vamos passar mais. Não tem mais como, chegou ao limite. Não tem muita conversa, muito papo. Vou trabalhar no que posso fazer e espero que o torcedor do Vasco nos apoie - afirmou.

Apesar do tom do discurso, a diretoria, por outro lado, ainda evita confirmar a contratação e pede mais tempo para anunciá-lo através de seu site oficial. O presidente Roberto Dinamite, por volta das 16h, tratou a negociação com 90% fechada mesmo com o acordo selado verbalmente.
Joel garante que vinha acompanhando as partidas, crê que o elenco tem qualidade e aproveitou para criticar o vexame de sábado passado, quando o time caiu por 5 a 0 para o Avaí, em casa.
- Estou animado porque temos condições. Não aceitaria uma situação dessas se não tivesse confiança. Se a torcida rezar do nosso lado, vamos sair dessa, não tem como. Já saí de coisas piores. E vamos sair dessa maratona, dessa guerra, vou arrumar um nome (para classificar essa situação). Não tem como o Vasco conviver com isso. É o Vasco. Porra, como é que pode? Não podemos aceitar isso. Vamos trabalhar e fazer o que tem que ser feito. Dentro do Vasco, não perdíamos nunca e agora estamos perdendo? O que é isso, rapaz? Agora, chega lá e os caras dão de cinco... Que pomba, para não falar outra coisa, é essa? O torcedor tem que entender que vamos rezar na mesma cartilha. Vamos lutar para cacete e vamos ganhar - disse, inflamado.
O retorno à elite apenas não satisfaz o técnico, de 65 anos. Ele avisou que já disse a Dinamite que qualquer resultado que não seja o título da Série B está abaixo da perspectiva. E se dirigiu aos jogadores que lideram o vestiário para estar junto com a nova comissão.
- Nós, hoje, temos que chegar para esses jogadores consagrados do elenco e dizer: Vocês estão vestindo o manto do Vasco e mostrar a história do clube. Tivemos Vavá, Roberto, Edmundo... Os maiores artilheiros do futebol carioca e do mundo. O Vasco é o Vasco. O Vasco tem história, é conhecido no mundo inteiro. O Vasco vai sair dessa. Conto com esses jogadores. Se eles acharem que não vale a pena, têm que me falar. São jogadores cascudos. Quero ser campeão do que for. Como vou me contentar em só me classificar? Eu falei para o Roberto: estamos aqui para tirar o Vasco dessa situação e fazer o Vasco campeão. Não podemos ficar mais nisso.
Resistência, amizade e dívida
A negociação, iniciada foi conduzida diretamente pelo presidente do Vasco, Roberto Dinamite. Joel treinou o mandatário numa de suas passagens pelo clube e tem boa relação com o ex-atacante, que está em fim de mandato – enquanto a Justiça não julgar a liminar que o mantém no poder, Dinamite é presidente até as eleições de 11 de novembro.
Houve resistências internas ao nome de Joel, mas Dinamite resolveu seguir em frente ainda assim. A escassez do mercado e a impossibilidade de acerto com as opções preferenciais - como no caso de Oswaldo de Oliveira - abriram caminho para o acerto do veterano treinador de 65 anos. O primeiro contato havia sido feito logo após o pedido de demissão de Adilson. Joel, depois, esperou outra ligação e se irritou com a aproximação do acerto do Vasco com Enderson Moreira, que acabou não se concretizando.
Recentemente, Joel recebeu cerca de R$ 800 mil do clube. O valor é referente a um débito da última passagem pelo clube. O Vasco assinou confissão de dívida que serviu de instrumento para ação do técnico contra o clube em 2010. No início, o débito total era de R$ 840 mil. Com a outra passagem – Joel treinou o Vasco em 2000 e depois voltou em 2004 –, após pagamentos de algumas parcelas, a dívida chegou a quase R$ 900 mil. O clube, na gestão de Dinamite, pôs em dúvida a prova do treinador, baseada em confissão de dívida assinada pela diretoria do ex-presidente Eurico Miranda. Mas assim como no caso de Romário, que ainda tem a receber do Vasco mais de R$ 10 milhões, a Justiça deu ganho de causa a Joel.
O Vasco, no entanto, ainda tem outra dívida de outras passagens de Joel por São Januário. No novo acordo, o clube vai sugerir uma recomposição desse débito. Caso parecido a diretoria vascaína tenta com Felipe, que, segundo números do balanço financeiro de 2013, tinha R$ 1,1 milhão a receber de salário e direitos de imagem atraso desde a sua conturbada saída, após episódio com o então diretor de futebol René Simões, no fim de 2012.

Fonte:Globoesporte.com