Joel Santana Sobre a vitória suada "falhamos nos chutes finais e quando não se encontra logo o gol, fica mais difícil"


A vitória por 2 a 1 sobre o Náutico deixou o Vasco na mesma quarta posição na qual começou a rodada. Mas a atuação, principalmente no primeiro tempo, deixou o técnico Joel Santana mais satisfeito. Depois de dois empates, o time teve dificuldades de marcar, sofreu o primeiro de pênalti, mas conseguiu a virada com dois gols nos últimos 15 minutos, com Dakson e Kleber.
A três pontos do líder Joinville, que o Vasco enfrenta em São Januário em duas rodadas, a equipe teve um novo esquema nesta tarde de sábado, com dois meias e dois atacantes. No primeiro tempo, foram 13 finalizações - uma na trave com Kleber - contra apenas cinco dos pernambucanos. O técnico lamentou as oportunidades desperdiçadas, mas elogiou a disposição ofensiva em toda a partida.
- Queria também a resposta (para tantas chances perdidas), falhamos nos chutes finais e quando não se encontra logo o gol, fica mais difícil - disse o treinador do Vasco, que definiu a vitória como dramática.
Com a vitória neste sábado, o Vasco soma 43 pontos, o mesmo número da Ponte Preta, uma posição acima. O líder é o Joinville, com 46.
Resultado e novo esquema
Claro que temos que esperar mais (para manter o esquema). Mas o importante é vencer. Foi um jogo como vão ser todos daqui para frente: sofrido, aguerrido. Nós procuramos o gol a todo momento. Eles, no contra-ataque. No momento que se sai para atacar, como nós saímos, sem botar a vantagem, o adversário leva essa vantagem. Então, se a gente não consegue o gol, fica difícil. Jogamos bem, sem analisar aquele ou outro lance. Equipe manteve postura de ataque agressiva e mexemos de acordo com o que ela estava precisando. Jogo difícil, dramático. Melhor vencer em um jogo assim do que ficar em uma zona de conforto.
Participação da torcida
O torcedor é importante para mim, para o jogador, para o clube. Quando tem essa união da cantoria, não só essa coisa do "papai chegou", mas para todos é mais fácil da gente sair dessa situação difícil, que não é normal na história desse clube. Temos que formar corpo de resultado e estamos nessa correria, nesse sacrifício. É importante que a torcida volte a confiar na equipe. E não é só a torcida daqui, mas em Brasília, em Manaus, em todos lugares, eles compareceram e incentivaram a gente.
Queria também a resposta (para tantas chances perdidas), falhamos nos chutes finais e quando não se encontra logo o gol, fica mais difícil. Marquei aqui no meu relógio que a primeira bola perto do nosso gol foi com 15, 20 minutos de jogo. Quando dentro de casa a gente bota vantagem, o adversário sai, nós encontramos mais espaços, mas o gol não saiu e isso deu esperança para eles. Nosso goleiro já tinha feito uma defesa daquelas, depois fizemos o pênalti e a equipe teve força para respirar, buscar oxigênio e sufocar adversário de novo. Fiz minha última mexida, foi bom, deu certo e a equipe encaixou de novo.
Mudanças no jogo
Quando você treina um time com segurança é uma coisa, mas há jogadores que não vi jogar um coletivo. Alguns só vi na TV e na TV a gente vê filme, não vê futebol. No campo que a gente vê onde o jogador encaixa. Quando botei o Dakson, vi duas situações alternativas, que era colocar o Pedro Ken ou o Jhon Cley, mas optei pelo Dakson porque ele chuta bem de longe. Ele arriscou uma que tinha endereço, mas bateu no zagueiro. Falei para ele: "Vai sobrar um rebote para você".
Dificuldades na Série B
Quando se tem uma equipe com camisa, história, é tudo muito difícil. Não é a primeira vez que pego o time numa situação assim. Nos anos 1980, se  não me engano, depois em 2004 (Joel lembra trabalhos em que o Vasco lutava para não cair para a Segunda Divisão), quando vencemos o Atlético-PR daquele jeito, e tínhamos que vencer de qualquer maneira. Mas quando se navega em mares turbulentos, por mais que você vença, o torcedor não fica satisfeito, ele só vai melhorar quando o time voltar ao local de origem. A Série B é uma competição muito sacrificante. Agora nós vamos para o Maranhão, três dias depois vamos pegar o Joinville. Então são viagens de quatro horas, mas você precisa sair antes, ir para o aeroporto, aquela coisa toda, passam a ser quase oito horas de viagem por conta disso. E aí quando tem um time que nem a gente que precisa vencer todas, tem que ter boa condição física para empurrar adversário.
Queda no segundo tempo
Foi um jogo mais amarrado nos últimos 45 minutos. A equipe estava desgastada, tomamos o gol e eles estavam em duas linhas de quatro, tínhamos que procurar espaço para encontrar gol. É difícil jogar 90 minutos bem, mas se for olhar todas estatísticas, tivemos supremacia muito grande. Se fosse boxe a gente ganhava por pontos, mas é futebol, tem que fazer gol.
Desfalques
Não teremos Thalles, Edmilson e Dakson. Mas ainda não sei o que vou fazer. Não deu tempo para pensar. Deixa o Papai respirar (risos). Ainda tem o Rodrigo que talvez não jogue, sentiu dores.
Alto número de chutes a gol
Quem não chuta não faz gol, arriscamos dos dois lados, os laterais iam muito também, nossos dois meias, dois atacantes. Depois, botei mais um para chegar também, atacamos com seis jogadores, defendemos com quatro, às vezes até com três, mas temos que arriscar, nosso jogo foi colocado assim. Claro que para isso é preciso treinar, não é assim da noite para o dia. O rapaz (técnico Dado Cavalcanti) é treinador novo, estudioso, deve estar vendo tudo que a gente faz todos esses dias, então temos que ter a sensibilidade de mexer e ver se vai dar certo. Às vezes a gente faz o certo, mas não dá certo.
Kleber
Ele é artilheiro, é assim mesmo, às vezes pega 10 bolas, faz um gol, bota uma para dentro. Ele é aquele tipo de jogador aguerrido, se doou muito no primeiro e no segundo tempo, caiu pelos dois lados, saiu da área, até que o Thalles pegou uma bola e conseguiu botar para ele fazer dentro da área.
Equilíbrio
O futebol brasileiro tem mania de dizer que um time é mais para frente ou é mais para trás. Tem que ter equilíbrio, tem que ter meio de campo e defesa sem ser vulnerável. Colocamos um sistema de marcação de defender e de atacar bastante, procuramos o gol a todo momento, sempre, e deu certo a nossa estratégia de jogo.


Fonte:Globoesporte.com